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Os impactos da IA no mercado editorial

Por: Gabriella Noronha*

 

chat gpt

Tela da ferramenta ChatGPT. Fonte: https://www.pexels.com/pt-br/foto/ia-inteligencia-artificial-negocio-empresa-15863066/.

 

2023 foi um ano em que as discussões sobre inteligência artificial (IA) ganharam visibilidade, graças ao ChatGPT (chatbot online que cria respostas detalhadas e articuladas sobre praticamente qualquer assunto). Também no mercado editorial as IAs generativas (aquelas programadas para criar novos conteúdos, como texto, imagens, música, áudio e vídeos) têm representado uma das mais importantes inovações nos modos de produzir, compartilhar e acessar publicações.

O impacto das IAs pode ser sentido em praticamente todo o processo de edição, tanto na produção e tradução de textos, criação e edição de imagens quanto na automatização das ações de marketing e distribuição. Essa nova revolução digital já causa alvoroço e imbróglios, principalmente por deixar menos claras as fronteiras do que pode ser objeto de direitos autorais. Afinal, um texto escrito por chatbot é plágio ou não? E uma imagem criada através da IA, pode concorrer com outras criadas das maneiras tradicionais?

Esse debate no Brasil ganhou ainda mais força a partir da polêmica que envolveu o Jabuti de 2023. Inicialmente, o trabalho para a capa de “Frankenstein”, do Clube de Literatura Clássica, apareceu entre os semifinalistas do prêmio. Porém, quando constatado que o designer Vicente Pessôa utilizou imagens feitas com inteligência artificial, diversos artistas e especialistas se posicionaram contrariamente à indicação, de maneira que o trabalho acabou sendo desclassificado.

 

capa do livro frankenstein

Capa do livro “Frankenstein”, de 2022. Foto: Clube de Literatura Clássica.

 

Outro caso que ganhou repercussão foi o da editora portuguesa Book Cover, acusada de publicar milhares de exemplares de clássicos traduzidos com recurso a programas de inteligência artificial, desconsiderando o pagamento de direitos autorais e, por isso, colocando-os à venda por preços bastante baixos.

Por outro lado, aparecem também iniciativas que, à primeira vista, parecem ocupar lacunas importantes do mercado, como as IAs de geração automática de audiodescrição de imagens para a promoção da acessibilidade e inclusão.

Ao que parece, a utilização de ferramentas generativas veio para ficar. Do ponto de vista legal, tramita no Senado o Projeto de Lei n° 2.338 de 2023, conhecido como Marco legal da IA no Brasil. Mas, enquanto não há uma orientação formal quanto a isso, cabe às editoras e profissionais envolvidos na edição uma análise ética e de boas práticas no uso dessas ferramentas.

Fontes:
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2023/11/artistas-e-profissionais-do-livro-reagem-a-capa-feita-com-ia-que-concorria-ao-jabuti.shtml
https://www.publishnews.com.br/materias/2023/11/28/inteligencia-artificial-novidades-atualizacoes-e-reflexoes
https://expresso.pt/cultura/2023-06-21-Uso-de-inteligencia-artificial-nas-traducoes-acende-polemica-no-mercado-editorial-db01b1cb

*Gabriella Noronha é coordenadora da Editora UEMG. Doutoranda e mestra em Design, é servidora de carreira do Estado de Minas Gerais desde 2008 e estuda as possibilidades de contribuição do design para a melhoria dos serviços públicos e com foco social.

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