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Boas práticas em edição de periódicos científicos: redes sociais

Por: Amanda Tolomelli Brescia*

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É pouco provável que alguém acorde um dia e fale: “Meu sonho é ser editor(a) de um periódico científico!” Mas podemos acordar e pensar: “Quero ser professor(a) de uma universidade!”.

O que não nos contam é que ser professor(a) de uma universidade traz consigo um monte de outras atribuições (muitas vezes burocráticas) e que não sabemos nem por onde começar, atribuições estas que podem ser tão prazerosas quanto dar aula, ou não!

A ideia desta sequência de textos sobre boas práticas em edição de revistas científicas é tentar tornar a vida do(a) professor(a) de uma universidade que ESTÁ editor(a) de um periódico o mais leve possível, trazendo sugestões de ações e também alguns conceitos que muito são falados nesse meio, mas que pouco são explicados, ou seja, é tentar de alguma forma trazer mais conhecimento sobre essa atividade, deixando o fazer mais descomplicado, contínuo e fluido.

Como primeiro assunto, falarei sobre as redes sociais!

Atualmente, com a amplificação do uso das redes sociais na internet por (quase) todo mundo que conhecemos, estas podem ser entendidas como um espaço de construção coletiva do conhecimento, e ainda percebe-se que, pela atual abrangência dessas redes, elas são passíveis de promover a circulação do conhecimento.

Ainda no ano de 2014, o SciELO Brasil publicou pela primeira vez um documento intitulado “Critérios SciELO Brasil: critérios, políticas e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos científicos na Coleção SciELO Brasil” (https://wp.scielo.org/wp-content/uploads/20140900-Criterios-SciELO-Brasil.pdf). Dentre outras recomendações, buscava-se, por esse documento, que os periódicos indexados na base desenvolvessem, a partir de julho de 2015, um plano operacional de “Marketing e divulgação”, sendo que em tal plano era fundamental a disseminação de pesquisas via redes sociais e sistemas de gestão da informação e comunicação. Ou seja, a presença dos periódicos em redes sociais não é algo novo e nem que estou tirando da cartola para tratar com vocês. 

Fato é que as pessoas normalmente não buscam mais informações sobre muita coisa, estas chegam pelos algoritmos das redes sociais que apresentam para os usuários mensagens e ofertas similares às buscas realizadas em outro momento ou a conversas que foram sendo realizadas utilizando a internet. Assim, o trabalho do editor não termina quando a revista vai ao ar com todos os trabalhos que foram submetidos à análise pelos pares, devolvidos aos autores, diagramados e, então, publicados como um número novo. A visibilidade dos trabalhos publicados requer que, a partir da publicação, seja feito o esforço de circulação do conhecimento científico ali publicado, e as redes sociais são uma boa forma de se chegar ao público “automaticamente”, ou seja, sem que a pessoa tenha procurado diretamente por aquele conteúdo.

Porém, ainda não se pode considerar que, para que ocorra a circulação do conhecimento científico publicado nos periódicos científicos, apenas a presença nas redes sociais solucionará tal questão. Esse processo de socialização e circulação das informações requer inúmeros questionamentos, problematizações, análises e mapeamentos.

Deixarei algumas dicas para quem está iniciando esse processo:

- Crie perfis para seu periódico científico nas principais redes sociais do momento (atualmente, por exemplo, o Facebook está perdendo espaço e o TikTok vem ganhando maior engajamento);

- Conheça seu público nas redes sociais, procure pesquisadores e sociedades científicas da área do periódico do qual você é editor(a) e o adicione à rede. Curta e compartilhe as publicações daqueles, isso trará a atenção deles e de seus seguidores para o perfil do periódico;

- Operacionalize postagens que sejam atraentes, que não tenham textos muito longos, que gerem engajamento entre os usuários. Algumas redes são mais visuais, com imagens, outras com vídeos; você vai “sentindo” o tipo de material a ser postado enquanto realiza as primeiras publicações: o que engaja mais seu público é o seu público que irá dizer;

- Esteja presente nos sites e redes institucionais dos quais é afiliado. Se a revista de que você é editor(a) é desenvolvida dentro de uma unidade institucional ou de um programa de pós-graduação, é importante que ela esteja presente nos sites e redes institucionais destes;

- Verifique a “encontrabilidade” do periódico nos principais sites de busca. Se o periódico do qual você é editor(a) não é encontrado no google, por exemplo, a circulação do que é publicado nele pode estar comprometida. Procure o administrador do seu sistema de gestão de periódicos (na maioria das vezes, o sistema é o OJS) e sinalize a ele a necessidade de melhorar sua “encontrabilidade”.

Essas são algumas ações que o(a) editor(a) pode começar a realizar, buscando uma boa prática de circulação do conhecimento científico do periódico em redes sociais. Tem mais alguma dica? Escreva pra gente!

Ah, para quem ficou interessado no documento do SciELO Brasil atualizado, ele está disponível aqui (https://wp.scielo.org/wp-content/uploads/20200500-Criterios-SciELO-Brasil.pdf) e também apresenta um item sobre Plano de marketing e divulgação científica. Pode ser interessante a leitura, mesmo se o periódico que você edita não faz parte e nem pretende fazer, por enquanto, da coleção SciELO.

*Amanda Tolomelli é professora titular do curso de Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais. Doutora em Educação pela UFMG (2017) e mestra em Educação Tecnológica pelo CEFET-MG (2013), possui amplo trabalho de pesquisa na área de mídias, mediação e tecnologias na educação.

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