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O que torna um professor inesquecível?

Por: Amanda Rabelo Chaves*

 

professora

 

O que torna um professor inesquecível? Esse questionamento do autor Rodrigo Cerqueira do Nascimento Borba é a força motriz das discussões promovidas no mais recente lançamento da EdUEMG: “Nilza Vieira: Uma professora de Ciências inesquecível”. Para definir o que faz com que um professor ou professora seja inesquecível, o autor se apoia na definição de Sônia Lopes (2013), que os define como “docentes cujas práticas pedagógicas permanecem nas lembranças, sendo acionadas por estudantes e colegas e provocando processos de identificação” (Lopes, 2013 apud Selles, 2024, p. 7).

Com essa definição é difícil não pensarmos em algum professor que nos impactou dessa maneira e nos lembrarmos de o quê o fez se tornar tão memorável. Pessoalmente, consigo pensar em pelo menos dois exemplos de docentes que foram (e ainda são) referências para minha vida. Coincidentemente, os dois foram professores de inglês que tive na época da adolescência.

O primeiro deles me marcou por introduzir práticas de ensino que, assim como as de Nilza Vieira, eram pouco convencionais. Comumente, em cursinhos de inglês, o foco acaba sendo a gramática e o ensino formal da língua, fazendo com que os alunos fiquem preocupados em decorar a conjugação dos verbos (quem nunca se preocupou com o tal do verbo to be?), com a pronúncia e com estruturas diferentes daquelas do português. As aulas desse professor, no entanto, eram o oposto disso. Havia uma preocupação real em aproximar a língua da realidade dos alunos, e isso era feito através das artes, com músicas e filmes constituindo o principal meio de intercessão. Lembro-me de ser apresentada a uma de minhas bandas favoritas através desse professor.

Outro docente que permaneceu na minha lembrança também tinha como foco o ensino do inglês de forma mais lúdica e pouco formal. Para esse professor, ensinar não era só um exercício de profissão, mas um estilo de vida. Como Rodrigo Borba elabora a partir de Goodson, “[...] existem sujeitos que constroem suas carreiras apoiados em um senso de missão pessoal que acompanha intrinsecamente o desenvolvimento profissional” (Goodson, 2015, 2019 apud Borba, 2024, p. 157). Para esse professor, o inglês e a sua vida eram dois fatores interligados e inseparáveis, e, como eu observava em todas as aulas, era impossível evitar que isso transbordasse na sua prática pedagógica.

Esses dois professores moldaram a minha identidade, profissionalmente e pessoalmente. Levei essas práticas de ensino comigo quando me aventurei em dar aulas de inglês, sempre preocupada em fazer o aluno enxergar a língua não como algo cheio de regras gramaticais e “rígido” na sua forma, mas como algo vivo e fluido, que transpassa tudo ao nosso redor e que abre portais para outros mundos tão interessantes quanto aquele em que já vivemos. Atualmente, meu lugar pode não ser a sala de aula, mas o amor desses professores inesquecíveis pela língua me guiou para um caminho no qual o inglês ainda é ponto central: a tradução. Traduzir é conectar não só duas línguas, mas dois mundos. E foi essa conexão que me foi ensinada por esses dois professores marcantes.

Existem muitos docentes, seja na escola, na faculdade ou em outros ambientes, que podem não ser exaltados ou receber uma grande exposição, mas que, para um aluno em especial, ficam na memória e assim vivem, eternamente inesquecíveis. Essa conexão entre o professor e o aluno nos rodeia nos ambientes de ensino em que nos inserimos e, certamente, rodeou Nilza Vieira durante sua passagem no cenário escolar e pedagógico do Rio de Janeiro. Tanto o seu estilo de ensino, quanto sua personalidade marcaram uma geração de alunos que levam consigo, até hoje, seus ensinamentos. O próprio autor Rodrigo Borba é exemplo de como as práticas de um(a) professor(a) inesquecível podem influenciar gerações posteriores e pessoas que sequer foram diretamente seus alunos.

Então, se você também se lembrou de professores que marcaram a sua vida e se interessou pelo tema, aproveite e confira o último lançamento da EdUEMG para entender mais sobre o que pode tornar um(a) professor(a) inesquecível!

 

Referências:

BORBA, R. C. N. Nilza Vieira: Uma professora inesquecível. Belo Horizonte: EdUEMG, 2024.

GOODSON, I. F. 2015, 2019 apud BORBA, R. C. N. Nilza Vieira: Uma professora inesquecível. Belo Horizonte: EdUEMG, 2024. p. 157.

SELLES, S. E. Prefácio. In: BORBA, R. C. N. Nilza Vieira: Uma professora inesquecível. Belo Horizonte: EdUEMG, 2024. p. 7-14.

*Amanda Rabelo Chaves é estudante na Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG), onde estuda Tradução Português-Inglês desde 2022. É natural do estado de São Paulo, mas se mudou para Belo Horizonte em 2017 para estudar na PUC-MINAS, onde se formou em Relações Internacionais.

 

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