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Acessibilidade: uma pauta urgente

Por: Shirley Beatriz de Castro Coury Corrêa*

 

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Muito se discute sobre a acessibilidade para garantir a inclusão e a igualdade no acesso à informação. Esse aspecto é enfatizado por diversos especialistas, que ressaltam a necessidade de que sejam desenvolvidos recursos dedicados a possibilitar que pessoas com limitações possam acessar conteúdos on-line de forma mais inclusiva. No mundo digital contemporâneo, que busca fomentar interações sem obstáculos e reduzir disparidades, a acessibilidade não é uma escolha, mas sim uma exigência.

Desde 2014, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) tornou obrigatória a inclusão de legendas descritivas, audiodescrição e Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em todos os projetos de produção audiovisual financiados com recursos públicos, demonstrando um crescente comprometimento com a inclusão e a acessibilidade.

Fomentar práticas inclusivas, como o uso de hashtags e descrições de imagens em redes sociais, são ações que têm desempenhado um papel significativo na promoção da acessibilidade e da inclusão na web. Um exemplo de sucesso é a iniciativa da hashtag #PraCegoVer, criada por Patrícia Braille em 2012, que se propagou por diversas plataformas on-line, incluindo o Google.

A audiodescrição, por sua vez, é um recurso de acessibilidade comunicativa que transforma imagens em palavras, permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão compreendam conteúdos audiovisuais e imagens estáticas, como filmes, fotografias e peças de teatro. Embora seja destinada principalmente ao público com deficiência visual, ela também pode beneficiar outros grupos, incluindo pessoas com diferentes deficiências e idosos.

Utilizada em produtos e serviços culturais, educacionais e de entretenimento, a audiodescrição está disponível de várias formas, expandindo o acesso e contribuindo significativamente para a inclusão. Em filmes, ela pode ser integrada ao áudio original; em teatros, ela pode ser transmitida via fones de ouvido; e em softwares de leitura de tela para livros digitais, ela pode ser acessível por meio de texto e disponibilizada em audioguias; entre outras opções existentes.

Essa abordagem incita a sociedade a garantir um acesso equitativo às oportunidades, levando o conhecimento para todos. Ao tornar os recursos audiovisuais mais acessíveis por meio de legendas descritivas, audiodescrição e LIBRAS, não estamos apenas cumprindo uma obrigação legal, estamos construindo um ambiente mais inclusivo e democrático.

Conforme ressalta Simone Freire, criadora do Movimento Web para Todos, a acessibilidade na internet assume uma importância inegável, especialmente em um cenário digital cada vez mais polarizado. Freire enfatiza que seguir estritamente as diretrizes de acessibilidade não é apenas uma questão ética, mas é uma estratégia inteligente para melhorar a visibilidade e o desempenho global de um site ou aplicativo. Transcendendo a mera obrigação legal, tornando-se um imperativo ético e uma valiosa oportunidade estratégica em um ambiente digital competitivo e diversificado, é evidente, portanto, que a acessibilidade na web não pode mais ser ignorada.

Desse modo, investir em acessibilidade não é apenas o caminho certo a seguir, é colocar em prática uma estratégia diferenciada para garantir o acesso equitativo e maximizar o potencial de alcance e engajamento com todos os públicos.

É imprescindível que continuemos avançando nessa direção, reconhecendo a importância de garantir que cada indivíduo, independentemente de suas capacidades ou limitações, possa desfrutar plenamente da cultura, do entretenimento e das oportunidades oferecidas pela sociedade contemporânea. Em síntese, uma mudança de mentalidade é essencial para que a acessibilidade digital se estabeleça, e cada passo dado representa um progresso significativo nesse sentido.

 

Referências:

BRASIL. Decreto Legislativo nº 186, de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/congresso/dlg/dlg-186-2008.htm#:~:text=perante%20a%20lei-,1.,todos%20os%20aspectos%20da%20vida. Acesso em: 3 abr. 2024..

MUNARI, Giovana Dewes. A acessibilidade das imagens em livros didáticos por meio da confluência entre design e tecnologia. [manuscrito] / Giovana Dewes Munari - Belo Horizonte, 2019. 168 f.

SÁ, Luana Rodrigues da Silva; HUBERT, Lídia; NUNES, Jader de Sousa. Introdução à audiodescrição. 2020. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/5299 Acesso em: 3 abr. 2024.

WEB PARA TODOS. Como a acessibilidade impacta o SEO? Disponível em: https://mwpt.com.br/como-a-acessibilidade-impacta-o-seo. Acesso em: 17 abr. 2024.

WEB PARA TODOS. Conheça os principais recursos de acessibilidade nativos nas redes sociais (Parte 1). Disponível em: https://mwpt.com.br/conheca-os-principais-recursos-de-acessibilidade-nativos-nas-redes-sociais-parte-1/. Acesso em: 17 abr. 2024.

WEB PARA TODOS. Criadora do projeto #PraCegoVer incentiva a descrição de imagens na web. Disponível em: https://mwpt.com.br/criadora-do-projeto-pracegover-incentiva-descricao-de-imagens-na-web/. Acesso em: 3 abr. 2024.

* Shirley Beatriz de Castro Coury Corrêa é bolsista Fapemig na Editora UEMG, especialista em acessibilidade. Possui graduação em Pedagogia pela UEMG (2017), especialização em Ensino das Artes Visuais e Tecnologias Contemporâneas (2020) e mestrado pela Escola de Belas Artes da UFMG (2023).

 

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