EdUEMG

Biomimética: insights da observação da natureza no desenvolvimento de produtos, na ficção e nas artes

Por Antônio de Andrade*

 

blog biomimetica

 

Você sabia que o Velcro é um produto “bioinspirado”?

Ele foi criado na década de 1940 por Georges Mestral, que se intrigou com a forma como as sementes de arctium grudavam em suas roupas e nos pelos do seu cão.

E que a partir da observação de um pássaro chamado martim-pescador um trem-bala japonês se tornou mais silencioso, veloz e econômico?

Além dessas, várias outras criações usadas diariamente em todo o mundo foram pensadas a partir da observação da natureza. E é dessa prática, conhecida como biomimética e bioinspiração, que o mais recente lançamento da Editora UEMG trata.

Em Biomimética e bioinspiração: contribuições da natureza para o desenvolvimento de produtos e tecnologias, a pesquisadora Gabriela Rabelo explica os princípios que embasam e que devem orientar a aplicação desses conceitos para o desenvolvimento de produtos e tecnologias realmente viáveis.

Através do contato com a obra, o leitor perceberá melhor o potencial e as limitações da biomimética e da bioinspiração, o que ainda pode levantar alguns questionamentos que se ligam a outras áreas.

Isso porque exemplos de bioinspiração e biomimética podem ser encontrados não só na criação de produtos, mas também na ficção e nas artes. Contudo, diferentemente da ciência e da indústria, a ficção e as artes não têm, necessariamente, compromisso com a viabilidade.

Assim, um bom exemplo de questionamento apresentado no livro é o da viabilidade de animais em tamanhos maiores ou menores que os já existentes na natureza.

Uma borboleta cem vezes maior do que o normal, por exemplo, não conseguiria voar usando a mesma frequência de batimento de asas, devido às mudanças que seu grande tamanho produziria na sua interação com o meio fluido à sua volta, no caso o ar. Em outras palavras, à medida que o tamanho do animal aumenta, com o seu movimento, o padrão de fluxo do meio fluido ao redor dele – seja o ar ou a água –, também é modificado, implicando alterações na dinâmica de movimentação, que não funcionará do mesmo jeito.

Esse exemplo serve para mostrar que na aplicação tecnológica da biomimética e da bioinspiração não basta imitar estruturas da natureza e mudar tamanhos de forma proporcional, esperando os mesmos resultados. Para ter êxito, é preciso usar o senso crítico e tomar uma série de cuidados inerentes ao trabalho de pesquisa.

Com isso, após ler o trabalho de Gabriela Rabelo, passamos a enxergar com outros olhos o trabalho da biomimética e as diversas criações bioinspiradas, inclusive as que conhecemos da ficção e das artes.

Por exemplo, em Duna – série de livros de fantasia e ficção científica, recentemente adaptados para o cinema –, existem veículos de design claramente bioinspirado. Mas será que eles seriam viáveis na realidade?

Helicópteros que em vez de hélices têm asas inspiradas nas libélulas realmente funcionariam, tendo em vista as mudanças de materiais, de suas densidades e de suas dinâmicas de interação com o meio?

Temos também vários exemplos de artistas contemporâneos que fazem uso da bioinspiração e da biomimética em suas obras, criando interseções entre arte, ciência e fantasia que nos levam a questionar os limites entre a ficção científica e a realidade. Por exemplo, a australiana Patricia Piccinini ficou mundialmente conhecida por suas esculturas hiper-realistas que exploram a interseção entre biologia, tecnologia e ética.

Mas quantas dessas criações seriam de fato cientificamente viáveis na realidade das condições dadas a nós pela natureza?

Para a criação e apreciação de obras de arte e ficção, essa visão científica combinada a um senso crítico apurado pode não ser necessária, mas para o desenvolvimento de produtos e tecnologias bioinspirados que sejam viáveis e fundamentais ela é fundamental.

Por isso, se você tem interesse por essa área de pesquisa e quer entender melhor como obter insights a partir da observação da natureza para desenvolvimento de soluções inovadoras em design, produtos e tecnologias, o lançamento da Editora UEMG é uma leitura obrigatória!

Então, aproveite para acessar e baixar o livro gratuitamente através do link: bit.ly/acessebiomimetica.

  

*Antônio de Andrade é revisor-chefe da Editora UEMG e atua também como colaborador da Livr_: Impressões, projeto de publicações independentes criado em 2021.

 

blog rodape

 

© 2024 UEMG - Todos os direitos reservados