Por: Amanda Tolomelli Brescia*
A chamada “avaliação por pares”, que também pode receber o nome de peer review, blind review, “avaliação às cegas” ou “duplo cego”, tornou-se comum na década de 1970 e é o processo de avaliação mais utilizado em periódicos científicos, resumos para anais de eventos e em análises de projetos em agências de fomento para concessão de recursos e/ou aprovação de realização de pesquisas científicas.
É importante ressaltar que o processo de avaliação de trabalhos, sejam eles artigos, resumos ou projetos, pode ser feito de maneira diferente da aqui apresentada. O processo que estamos tratando, especificamente, é a avaliação realizada por especialistas da mesma área de conhecimento do trabalho ou do projeto em avaliação e, por isso, é chamada de “pares”. Porém, essa avaliação não é necessariamente feita por dois avaliadores em cada projeto ou trabalho.
Para esse tipo de avaliação, o trabalho deve ser submetido sem nenhuma indicação de autoria ou informações autorais, a fim de que a análise seja realmente “às cegas”. Isso garante que se avalie o conteúdo daquele trabalho, independentemente da titulação dos autores, de sua formação/escolarização ou de influências nas instituições às quais são vinculados.
Tais avaliadores são também conhecidos por “pareceristas”, pois emitem pareceres sobre o trabalho ou o projeto, criticando, indicando melhorias ou pontos fortes e concluindo com uma deliberação sobre se o texto deve ser aceito como está, aceito a partir de modificações, como revisão de língua portuguesa, ou rejeitado.
A avaliação por pares busca sempre o aprimoramento do trabalho submetido. Porém, a demora no processo, muitas vezes chegando a mais de um ano em alguns periódicos, tem feito com que editores, autores e até pareceristas comecem a repensar esse modelo. Além disso, a dificuldade de se encontrarem pareceristas dispostos a realizar esse trabalho sem remuneração, ou até dúvidas quanto à imparcialidade por parte de alguns, tem feito com que os periódicos e as agências busquem alternativas, podendo ser preprints, revisões amplas e/ou abertas, indicação de pareceristas pelos próprios autores, entre outras possibilidades.
Pondera-se que a ciência tem buscado novos modelos de avaliação, porém, a mais aceita e mais utilizada, mesmo com todos os problemas que os autores e editores enfrentam, é a avaliação por pares e às cegas. Ressalta-se, ainda, que a Editora UEMG usa essa revisão para seus livros e também indica essa metodologia para as revistas da Universidade.
* Amanda Tolomelli Brescia é doutora em Educação, professora permanente do Programa Pós-Graduação em Educação e Formação Humana (Mestrado Acadêmico) da FaE/UEMG e professora efetiva da área de Mídias, mediação e tecnologias na educação.