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2ª Feira do livro de acesso aberto: Entrevista com Ana Elisa Ribeiro, Editora da Entretantas Edições

Na entrevista de hoje, Ana Elisa Ribeiro, Editora da Entretantas Edições, discute, entre outros assuntos, os motivos pelos quais trabalha com o acesso aberto. A Entretantas Edições é uma editora que surgiu a partir de discussões acadêmicas no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e que se dedica à publicação de textos sobre produção editorial. Além de Ana Elisa Ribeiro, compõem a Entretantas as editoras Cecília Castro e Samara Coutinho.

 

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Conte-nos um pouco sobre a editora

A Entretantas nasceu em 2023, no âmbito das discussões acadêmicas, em disciplinas da linha de edição, linguagem e tecnologia, no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). Sou docente e pesquisadora lá e me uni a duas estudantes de pós-graduação, a Cecília Castro (mestranda, editora da Luas, uma casa feminista) e Samara Coutinho (doutoranda, produtora cultural). Com materiais produzidos coletivamente, resolvemos fazer publicações ligadas à temática do livro, livros sobre livros, processos editoriais, noções e definições importantes na área. Assim nasceu o primeiro livro do pequeno catálogo, o Edição s.f. Nossa ideia era fazer os livros lentamente, com investimento próprio, tiragens limitadas, em gráficas semiartesanais (se possível, a depender dos orçamentos) e num modelo assim: esgotada a edição, o PDF ficaria em acesso aberto. E funcionou. Não tivemos prejuízo algum. O nome da editora foi inspirado numa brincadeira com a prestigiosa Todavia.

 

Quais são as principais áreas/obras do catálogo da editora?

Todos os livros, publicados e futuros, tratam do livro, do universo da edição e da produção editorial. Por enquanto são apenas três. O Edição s.f., de autoria coletiva; o Como nasce uma editora, de minha autoria e que já ganhou até tradução por uma editora universitária mexicana; e o Mulheres que editam, de autoria coletiva.

 

Por que a editora trabalha com acesso aberto?

Primeiro porque não entendemos a gratuidade do PDF, em nosso caso, como uma concorrência com a edição impressa. As pessoas que gostam do nosso tema querem ter os livros impressos, com suas características materiais especiais e específicas, querem colecionar. Então as edições realmente se esgotam logo. Isso significa também que já recuperamos nosso investimento, quando isso acontece. Já temos inclusive dinheiro para reinvestir, isto é, fazer outro livro, no mesmo padrão. A pessoa que tem o PDF (o lê, o cita) quer, mesmo assim, o impresso, e sabe que ele é meio raro. Tem isso também. Além disso, é um tipo de bibliografia escasso no Brasil, relativamente a outros temas. Já temos nosso capital simbólico ligado a isso, construído pelo programa de pós da instituição. Pois bem: depois de recuperar o investimento e um pouco mais, liberamos. A circulação do PDF aumenta o alcance do livro, de seu conteúdo, e coisas incríveis acontecem com ele. O impresso tem um alcance pequeno porque a tiragem é baixa e a circulação é limitada a feiras e às vendas no site. Já o PDF não tem limites. Então, em termos de impacto (medido por alcance, leituras, citações), o PDF joga melhor. Mas o impresso tem um apelo muito diferente e atrai gente para o debate. Bem, é claro que fazemos isso porque não temos a intenção de lucrar com os livros, nem de viver deles. Nossa intenção é contribuir para uma bibliografia sobre livros e edição, sem levar prejuízo. Por enquanto, não tivemos qualquer forma de financiamento. Quando tivermos, podemos até produzir os impressos para distribuição gratuita, como já fizemos com outros materiais, em tempos menos complicados.

 

Qual é, na sua opinião, a importância da Feira do livro de acesso aberto?

Acho a feira uma iniciativa maravilhosa, esperta, inteligente e necessária. As pessoas precisam saber o que é o acesso aberto, como ele é feito, como ele é possível. Isso precisa ser divulgado para que elas não pensem que existe livro gratuito sem fomento ou sem algum tipo de política pública. Muitas vezes, quem faz livros de acesso aberto não fica muito visível. Os livros estão lá, mas muita gente não sabe. Livros importantes, relevantes, de autores e autoras legitimados... E ficam escondidos num recanto da internet. Nem sempre a divulgação das editoras é a melhor. Então a feira ajuda a dar essa visibilidade, põe num lugar só muitos links importantes, que a gente acha e baixa do mesmo espaço. Isso é muito interessante. Uma editora puxa a outra, nesse caso, por meio da iniciativa da UEMG.

 

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