Por Thales Santos*
Nos últimos anos, o e-book, ou livro digital, conquistou um espaço sólido no mercado editorial e, hoje, já faz parte da rotina de muitos leitores. Em vez de substituir o livro físico, os formatos eletrônicos surgem como alternativas em diferentes extensões, cada um com características específicas, que influenciam a experiência de leitura, a acessibilidade e as possibilidades de edição. Neste post, vamos abordar os principais formatos de e-books e suas vantagens.
Um e-book é uma versão digital de um livro, que pode ser acessado em computadores ou dispositivos móveis. Embora pareça ser uma inovação recente, os e-books já existem há algum tempo, mas seu conceito só ganhou destaque e ampla divulgação nas últimas décadas.
Em suma, um e-book é composto por diferentes camadas que, em conjunto, possibilitam o acesso ao conteúdo. Essas camadas incluem o hardware (o dispositivo de leitura), o sistema operacional (como Windows, Android, iOS, entre outros) – que funciona como intermediário entre os componentes físicos e os programas –, o software (o aplicativo de leitura de e-books) e o conteúdo digital propriamente dito, estruturado com o uso de linguagens comuns de programação para sua organização.
Os formatos digitais não são apenas uma evolução do impresso, mas mídias com características próprias.
Devido à grande capacidade de armazenamento dos dispositivos de leitura, é possível que centenas e até milhares de títulos sejam carregados em um único aparelho. Esses dispositivos estão cada vez mais leves e possuem baterias com excelente autonomia, além de contarem com cores e resolução otimizada, o que torna a leitura em tela mais agradável.
Outra característica que se destaca é a possibilidade de inclusão multimídia e objetos interativos nos conteúdos, o uso de anotações e a facilidade com que se podem fazer pesquisas nas obras usando palavras-chave. Por fim, alguns formatos de e-books são “responsivos”, característica que permite que os conteúdos se adaptem às diversas resoluções de telas existentes, mantendo a legibilidade, independentemente de qual é o dispositivo de leitura usado.
PDF: o formato mais popular
Portable Document Format (PDF) é o formato mais tradicional e amplamente utilizado. Ele se destaca por oferecer uma estrutura semelhante à versão impressa do livro, com fontes, margens e organização dos elementos de página. Praticamente todos os dispositivos de leitura digital reconhecem o formato PDF nativamente ou com o suporte de aplicativos, geralmente gratuitos.
Entre suas muitas vantagens, destaca-se a facilidade de conversão, pois pode ser gerado diretamente de programas de edição como InDesign e Word. Além disso, se uma editora já possui PDFs preparados para impressão, é possível adaptá-los como e-books realizando alguns ajustes e melhorias no arquivo.
O formato também preserva o layout original de projetos gráficos complexos, evitando a necessidade de rediagramar o conteúdo ou rasterizar ilustrações vetoriais, tornando-o ideal para obras que exigem fidelidade visual. Ademais, a criação de e-books interativos é possível com a inclusão de vídeos, animações, links e uma estrutura de navegação integrada ao sumário, com marcadores e elementos hiperlinkados.
O PDF é universalmente aceito em diversos dispositivos – como e-readers, celulares, notebooks e desktops – e é uma tecnologia madura, confiável e consolidada no mercado. Com a utilização de ferramentas e técnicas adequadas, esse formato pode, ainda, incluir recursos de acessibilidade, sendo compatível com leitores de tela e outras tecnologias assistivas.
ePub: o formato mais flexível
O ePub, uma abreviação de electronic publication (publicação eletrônica), foi desenvolvido especificamente para a produção de e-books pela International Digital Publishing Forum (IDPF) e possui várias vantagens que o tornam o formato ideal para a leitura digital.
Ele pode ser produzido de duas formas: ePub de layout fixo, semelhante ao PDF, e ePub de layout fluido, formato que permite redimensionamento e visualização personalizada do conteúdo, em detrimento de um projeto gráfico mais complexo, garantindo a “responsividade” anteriormente mencionada. Nesse sentido, o ePub oferece uma baixa dificuldade de processamento em dispositivos de leitura, mesmo com arquivos grandes.
A estrutura fundamental do ePub inclui arquivos em XML, HTML e CSS, que organizam e definem o conteúdo do livro, todos “empacotados” em um compactador comum (Zip, Winzip, WinRar etc.). Universalmente aceito, o ePub é compatível com a maioria dos e-readers, celulares, computadores e notebooks, além de oferecer suporte a recursos de acessibilidade, multimídia e sistemas de proteção contra cópias não autorizadas.
XML: o futuro do formato digital?
XML, acrônimo de eXtensible Markup Language (Linguagem Extensível de Marcação, em tradução livre para o português), é uma metalinguagem que permite estabelecer regras para marcar partes significativas de um texto, como palavras, frases, números e fórmulas. Essa estrutura possibilita a criação de padrões que definem como organizar e marcar cada elemento, o que é essencial na publicação de artigos e documentos científicos contemporâneos.
A adoção do XML na estruturação de publicações científicas facilita o processamento, a interoperabilidade e a acessibilidade dos textos, permitindo que elementos como autores, comentários e referências sejam organizados por “tags”. Esse formato promove a consistência, minimiza erros e permite a integração entre sistemas, possibilitando a apresentação de conteúdos em diversos dispositivos e formatos, de modo a garantir que os dados sejam acessíveis e processáveis em plataformas globais. Assim como nos formatos anteriores, o XML apresenta suporte a recursos de acessibilidade e multimídia.
Perspectivas para a expansão dos e-books
A demanda por e-books tem aumentado devido à popularização de dispositivos portáteis e multifuncionais. Além das diversas vantagens dos formatos digitais, o aspecto econômico é um fator relevante, já que, em média, a versão eletrônica de um livro custa 30% menos que a versão impressa, dado que não há necessidade de todo o processo de impressão, produção e transporte, incluindo papel, acabamento e distribuição física. A entrega também se torna mais prática, uma vez que o e-book é sempre disponibilizado para download imediato.
A publicação digital permite, ainda, que os conteúdos sejam acessados de diferentes dispositivos (como computadores, celulares, tablets, e-readers, etc.), a qualquer hora e em qualquer lugar. Os livros ainda podem ser distribuídos em diversos formatos, como PDF, ePub, HTML etc. (Andrade; Araújo, 2021). Não obstante, dentre esses, o mais comum é que as editoras universitárias optem pelo PDF, com a pesquisa da ABEU (2021) atestando que 94,8% das editoras do segmento preferem esse formato para as suas publicações digitais.
Compreender as diferenças entre os formatos disponíveis permite que leitores e editores façam escolhas mais conscientes, usufruindo ao máximo da experiência de leitura digital. Então, aproveite para explorar o catálogo de e-books da EdUEMG, que oferece uma variedade de títulos gratuitos em formato PDF. Além disso, confira os ePubs disponibilizados pela editora no portal SciELO Livros, incluindo três e-books totalmente acessíveis.
Referências:
ANDRADE, Roberia de Lourdes de Vasconcelos; ARAÚJO, Wagner Junqueira de. Livro digital nas editoras universitárias. Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação, v. 14, n. 3, 2021.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EDITORAS UNIVERSITÁRIAS (ABEU). Pesquisa ABEU 2021. Disponível em: https://abeu.org.br/documents/7/Pesquisa_ABEU_2021.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.
GRUSZYNSKI, Ana Cláudia. Design editorial e publicação multiplataforma. In: Intexto, n. 34, p. 571-588, 2015.
HORIE, Ricardo Minoru. Arte-finalização e conversão para livros eletrônicos nos formatos ePub, Mobi e PDF [recurso eletrônico]. São Paulo: Bytes & Types, 2012.
PACKER, Abel L.; SALGADO, Eliana; ARAUJO, Javani; AQUINO, Letícia; ALMEIDA, Renata; SANTOS, Jesner; LUCENA, Suely; SOARES, Caroline M. XML, por quê? SciELO em Perspectiva, 4 abr. 2014. Disponível em: https://blog.scielo.org/blog/2014/04/04/xml-porque/. Acesso em: 5 nov. 2024.
* Thales Santos é designer e assistente editorial na Editora UEMG, graduando em Design pela Universidade Federal de Minas Gerais e jornalista pelo Centro Universitário Newton Paiva (2017).