Por Amanda Tolomelli* e Desirée Suzuki**
No dia 3 de outubro de 2024, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) publicou o Ofício Circular nº 46/2024, que informa sobre a deliberação do seu Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES) relativa à aprovação de uma mudança no sistema atual de classificação de revistas científicas para o Quadriênio 2025-2028.
Com essa mudança, muitos se perguntaram: “Estamos diante do fim do Qualis Periódicos?”, ou, ainda, “Quais serão os indicadores bibliométricos utilizados a partir de agora?”.
Esclarecendo de antemão, indicadores bibliométricos são ferramentas que avaliam o desempenho da produção científica, baseando-se em indicadores de qualidade acadêmica e/ou na análise por pares, que avaliam as publicações considerando rigor, relevância, impacto e contribuição para o campo de estudo.
Mas, antes de saber sobre o fim do Qualis Periódicos, vamos entender o que é o Qualis Periódicos?
Ele é um dos métodos utilizado pela CAPES para avaliar programas de pós-graduação stricto sensu por meio da apreciação indireta da produção intelectual dos programas, que se dá através da análise da qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, dos periódicos nos quais são publicados artigos e outros tipos de produções científicas.
Essa avaliação acontece de forma quadrienal e classifica as revistas em 8 estratos (A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, sendo a A1 a mais elevada), com base nas informações enviadas à CAPES pelos programas de pós-graduação.
Certo, mas então, o que muda? Ou, o que não existirá mais?
A mudança que ocorreu é conceitual, a avaliação que antes era realizada basicamente pelo desempenho bibliométrico do periódico se volta agora para o artigo em si, para o trabalho publicado. A avaliação agora irá se concentrar na qualidade e na classificação dos artigos.
Assim, essas mudanças permitirão que os artigos publicados em um mesmo periódico tenham avaliações diferentes, pois os indicadores bibliométricos desses textos são distintos. Para tanto, três novos procedimentos de classificação de artigos serão adotados, concomitantemente ou não, a partir do que for definido por cada uma das 50 áreas de avaliação da CAPES, que poderá adotar um desses procedimentos ou a combinação entre eles.
No primeiro procedimento é realizada a classificação do artigo pelos indicadores bibliométricos do periódico, metodologia estatística que não apresenta diferenciação para os preceitos da metodologia atual, diferenciando-se apenas pelo fato de que a classificação recairá sobre artigos publicados e pela possibilidade de ser utilizado o percentil (adotado para avaliar o impacto de uma publicação em comparação com outras da mesma área, tipo de documento e ano) ou o Fator de Impacto (métrica usada para medir a relevância e o impacto de periódicos científicos, atualmente calculada pela Clarivate Analytics por meio do Journal Citation Reports – JCR –, uma base associada ao Web of Science).
No segundo procedimento o foco será nos indicadores individuais de cada artigo – por exemplo o número de citações daquele texto – e, possivelmente, em índices, como critérios vinculados à indexação e ao acesso aberto, entre outros, buscando averiguar aspectos qualitativos do artigo publicado.
Já o terceiro procedimento configura-se pela análise qualitativa de artigos baseada em fatores e/ou metodologias que podem abarcar, por exemplo, análise da pertinência do tema abordado, impacto social e científico, avanço conceitual proveniente do trabalho e a contribuição científica do estudo para políticas públicas, criação de patentes, avanços referentes a metodologias aplicadas em laboratórios, entre outros, sendo todos esses fatores definidos pela área de avaliação.
Antonio Gomes, diretor de Avaliação da CAPES, em entrevista concedida à Redação CGCOM/CAPES, esclarece que essa mudança é um avanço para o sistema de avaliação de programas de pós-graduação do país.
E você, o que já refletiu sobre o tema? Para os pesquisadores, as mudanças são positivas ou negativas? E para os periódicos? Quais serão os desafios?
A Editora da Universidade do Estado de Minas Gerais (Editora UEMG) presta apoio aos 18 periódicos científicos atualmente ativos na universidade. Você conhece quais são eles? No Portal de Periódicos UEMG você pode acessar os respectivos sites de cada um deles e acessar gratuitamente todas as edições já publicadas! Confira em: https://periodicos.uemg.br.
Referências:
BRASIL. CAPES adotará classificação de artigos na avaliação quadrienal. Notícias, CAPES, 31 out. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/capes-adotara-classificacao-de-artigos-na-avaliacao-quadrienal. Acesso em: 20 jan. 2025.
BRASIL. Novo Qualis 2025-2028: foco na classificação de artigos – apresentação. Ofício Circular nº 46/2024, CAPES, 3 out. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/documentos/conselho-tecnico-cientifico-da-educacao-superior/oficios-ctc-es/14102024SEI_2470019_Oficio_Circular_46_resumoCTC_232.pdf. Acesso em: 20 jan. 2025.
* Amanda Tolomelli Brescia é doutora em Educação, professora permanente do Programa Pós-Graduação em Educação e Formação Humana (Mestrado Acadêmico) da FaE/UEMG e professora efetiva da área de Mídias, mediação e tecnologias na educação.
**Desirée Suzuki foi bolsista de comunicação do projeto Fapemig da Editora UEMG no período de agosto/2024 a janeiro/2025. Ela é publicitária, mestra em Cultura e Comunicação, e estuda o discurso e as representações do envelhecimento nos media.