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Encontros e aprendizados: a Editora UEMG no Seminário da ABEU 2025

Por: Sofia Rodrigues Santos Carvalho*

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Foto: Cláudia Velho / EDUCS

Em maio de 2025 ocorreu, na cidade de Caxias do Sul/RS, o 7o Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica, promovido pela Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU). Mais uma vez, como já acontece há alguns anos, a Editora UEMG se fez presente, sendo que dessa vez fomos eu e meu colega Thales, responsáveis pelo design dos livros e peças de divulgação na editora, dentre outras atividades.

Partimos de Belo Horizonte no dia 5, pela manhã, chegando à cidade no início da tarde, em tempo de nos acomodarmos antes de comparecermos à abertura do evento, que ocorreu na noite daquele mesmo dia, tendo como principal atividade a palestra proferida pelo professor Peter Burke, historiador inglês ligado à Universidade de Cambridge. O tema foi o futuro da história cultural, com um auditório cheio para acompanhar o momento, visto que a participação foi aberta a estudantes e docentes da Universidade de Caxias do Sul (UCS), que sediou o seminário por meio de sua editora, a EDUCS.

O agradável campus da universidade, onde é possível apreciar diferentes tipos de árvores – tendo como destaque as imponentes araucárias –, disponibilizou diversos espaços para as atividades ao longo da semana. O movimento se iniciava ainda cedo e percorria todo o dia até o fim da tarde, com intensa programação. Entre mesas de debate, palestras e apresentações de trabalhos, pudemos refletir sobre temas que fazem parte do dia a dia daqueles que “vivem” a edição universitária. Foram abordados desde pontos mais polêmicos, como o questionar-se sobre o dilema de produzir “livros que poucos lêem”, até questões mais práticas, como o percurso no processo de tradução de obras estrangeiras. Um tema que apareceu em mais de uma ocasião foi a tão falada inteligência artificial (IA), e sua relação com o mundo editorial. Tanto no workshop ministrado pelo pesquisador Alexandre da Silva Simões (Unesp), quanto na palestra da professora Carine G. Webber, da UCS, e, ainda, na apresentação da professora Leilah Bufrem (UFPR), foi possível constatar que a tecnologia de IA generativa é algo cada vez mais presente no universo das publicações científicas. Nessa perspectiva, vale citar também uma demonstração feita por profissionais da área de tecnologia com o desenvolvimento de audiobooks a partir de vozes neurais, que são aquelas criadas artificialmente com o auxílio de ferramentas tecnológicas de aprendizado de máquina, mas com capacidade de serem similares às vozes humanas.

Algumas das editoras participantes, previamente inscritas, também ocuparam o palco do seminário, com apresentações cujo objetivo era partilhar com o público vivências e práticas aplicadas em seus espaços de atuação profissional. O fato de esses trabalhos terem origem em diferentes regiões do país e, ainda assim, proporcionarem reflexões que vão ao encontro do que vivem outros participantes presentes demonstra como esses momentos podem ser enriquecedores.

Nós, da Editora UEMG, como já é de praxe, também apresentamos nossas experiências. O trabalho, intitulado “Para além das imagens: a experiência da EdUEMG com descrições alternativas para a inclusão de leitores(as)”, trouxe, novamente, uma perspectiva sobre o uso da IA. Na quinta feira pela manhã, compartilhamos com os pares nossos aprendizados na produção dos livros 100% acessíveis, desenvolvidos em parceria com o portal SciELO Livros. Trata-se de um processo pioneiro, no sentido da disponibilização de obras acessíveis gratuitas no portal, para o qual se utilizou o Copilot, software de IA, como auxiliar na criação das audiodescrições de imagens presentes nos livros, para acessibilidade de pessoas com deficiência visual. Você pode conferir os resultados aqui.

Por ser um assunto diversas vezes abordado, foi curioso perceber como a questão da inteligência artificial tem despertado o interesse de tantos colegas. Isso leva a crer que urge que as pessoas envolvidas na edição científica se ponham a par não apenas dos imensos desafios trazidos por essa nova realidade, mas também que estejam abertos, de bom grado, às eventuais oportunidades que essas ferramentas tecnológicas podem trazer, descobrindo também como trilhar esse caminho com responsabilidade, ética e discernimento.

Contudo, para além de todo o conteúdo compartilhado nas salas e auditórios, o fator mais marcante de nossa viagem ao Sul foi aquilo que, para mim, é o ponto alto desse tipo de evento: a oportunidade de encontrar com profissionais da edição universitária de todo o país. Estabelecer diálogos e saber mais sobre o que têm vivido os colegas em suas respectivas editoras, sejam de universidades públicas ou privadas; conviver ao longo dos dias com tantas pessoas, das mais diferentes regiões do Brasil; e até mesmo discutir coletivamente as questões burocráticas de uma instituição como a ABEU, são momentos que permitem vislumbrar a diversidade e a riqueza que caracterizam a edição universitária nacional. Fatores como infraestrutura e tamanho das equipes, linhas editoriais estabelecidas, escolhas institucionais e processos de seleção das obras a serem publicadas, cuidados na produção e frequência dos lançamentos são partilhados a cada conversa travada durante as pausas para o café, ao dividir uma mesa durante o almoço, nos divertidos momentos de confraternização e, obviamente, nas dúvidas e respostas que surgem ao longo das apresentações estabelecidas na programação. Os obstáculos vividos e confessados levam a uma identificação mútua, que acaba por aproximar os participantes, o que muitas vezes resulta na oferta de um auxílio solidário ou na inspiração de novas soluções.

Por fim, deixo como inspiração um pouco do que foi trazido pela professora Gládis Kaercher, da UFRGS, responsável pela palestra de encerramento “Mulheres negras na ciência e nas letras: proposições e provocações”: que todos e todas que estejam envolvidos na produção científica no Brasil possam seguir pensando para além do que já se vê como padrão no meio acadêmico, não apenas no sentido de avançar nas formas e processos para produzir e divulgar as publicações científicas, mas também para que haja uma diversidade cada vez maior dentre as pessoas e grupos que publicam suas ideias e investigações. Se seguirmos nessa direção, certamente a pesquisa e a produção científica no Brasil prometem um futuro ainda mais próspero.

 

*Sofia Santos é designer formada pela Escola de Design da UEMG, com pós-graduação em Comunicação Estratégica pela PUC-Minas. Servidora efetiva da Universidade, atuou por vários anos na Assessoria de Comunicação e atualmente trabalha na Editora UEMG.

 

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