Por Desirée Suzuki*
Uma das referências mais icônicas ao se pensar sobre a educação tradicional é o videoclipe “Another Brick in the Wall”, da banda de rock britânica Pink Floyd. Ao longo das cenas observamos um professor autoritário, punitivo e que utiliza uma metodologia de ensino rígida e de mão única, em que ele transmite o conteúdo e exige que os alunos permaneçam passivos, absorvam as informações e aprendam rapidamente.
Em contraposição a essa abordagem que emprega o poder e a superioridade sobre o estudante, apresenta-se, por exemplo, o conceito de educação libertadora de Paulo Freire, um grande expoente da educação brasileira. Crítico ao discurso da “transferência do conhecimento”, como se o professor pudesse inserir magicamente o conteúdo nas mentes dos estudantes por meio da memorização e da repetição, Freire defende a liberdade de questionamento e o estímulo à curiosidade como possibilidades de construção do saber.
Essa abordagem de educação se alinha ao que ficou conhecido como “Metodologias Ativas”, que consistem em estratégias didáticas que inserem o estudante como protagonista no centro do processo de ensino-aprendizagem e pressupõem o desenvolvimento do pensamento crítico e da conscientização, além de uma postura ativa, prática e questionadora.
Seus objetivos também pretendem tornar o processo de ensino-aprendizagem mais autônomo, dinâmico, prático e eficiente por meio do engajamento e interação ativa dos estudantes com o conteúdo, com os docentes e entre os seus pares.
No livro recém-lançado pela EdUEMG, Formação de profissionais de enfermagem: uma reflexão sobre metodologias de ensino e aprendizagem, a autora Juliana Pimentel contrapõe o uso da didática tradicional às novas abordagens de ensino-aprendizado no ensino superior. Após a realização e análise de uma série de entrevistas com docentes e discentes de um curso de enfermagem, Pimentel discute a necessidade de utilização de Metodologias Ativas para a integração do conteúdo teórico com a prática profissional, a fim de uma formação mais contextualizada e humana.
Pensando nisso, a autora dedica um capítulo à apresentação e discussão de diferentes Metodologias Ativas que podem ser trabalhadas pelos docentes, como a Aprendizagem Baseada em Problemas, os Modelos híbridos disruptivos e a Sala de Aula Invertida, entre outros.
A Aprendizagem Baseada em Problemas consiste em apresentar situações adversas aos estudantes para que eles possam pesquisar e discutir sobre o tema, a fim de propor soluções práticas. Esta tarefa insere o aluno no centro do processo de aprendizado e o professor atua como um facilitador, que auxilia no estímulo à pesquisa e discussões, no desenvolvimento do pensamento crítico e na preparação para o enfrentamento de desafios contemporâneos.
Os Modelos híbridos disruptivos rompem não só com a abordagem tradicional de ensino, como, também, com o ambiente da sala de aula, ao permitir que o aprendizado de cada estudante ocorra de maneira personalizada, mesclando ensino presencial e virtual. Com isso se promove uma maior flexibilidade, conforme a disponibilidade de horários, dificuldades e ritmo de estudo, contanto que seja traçada uma trilha do conhecimento, com cronogramas pré-estabelecidos e o aluno desenvolva todas as atividades propostas durante o percurso.
Por sua vez, a Sala de Aula Invertida altera a lógica tradicional de aprendizado. Nesse modelo, os alunos têm o primeiro contato com o conteúdo teórico fora da sala de aula, por meio de videoaulas, leituras ou atividades on-line. Durante as aulas presenciais, o tempo é dedicado a atividades práticas, discussões e esclarecimento de dúvidas, de forma que o aprendizado seja mais ativo e colaborativo.
Você já conhecia as Metodologias Ativas? Faz o uso delas em sala ou se lembra de algum professor que aplicou algumas dessas estratégias pedagógicas em uma disciplina que cursou? Se tem curiosidade para saber como aprimorar o processo de ensino-aprendizagem em diferentes contextos, confira a última publicação da EdUEMG e entenda como as aulas podem se tornar mais agradáveis e significativas para os estudantes, seja no curso de enfermagem ou em outros cursos e níveis de ensino!
Acesse Formação de profissionais de enfermagem: uma reflexão sobre metodologias de ensino aprendizagem, disponível aqui.
Referências:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2004. 148p.
PIMENTEL, Juliana Stephanie Baina. Formação de profissionais de enfermagem: uma reflexão sobre metodologias de ensino e aprendizagem. Belo Horizonte: Editora UEMG, 2024. 132p.
*Desirée Suzuki é bolsista Fapemig da Editora UEMG, publicitária, mestra em Cultura e Comunicação, e estuda o discurso e as representações do envelhecimento nos media.