Por Tainá Verona*
“Movimentos sociais criticam decisão do presidente”. “Movimentos denunciam perseguição”. “Movimentos sociais realizam marcha”. Essas são manchetes que vemos com uma certa frequência nos noticiários. Mas você sabe o que são esses tais movimentos sociais?
Maria da Glória Gohn, socióloga cuja pesquisa é referência no campo dos movimentos sociais, define-os como “ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expressar suas demandas” (Gohn, 2011, p. 335). Segundo ela, algumas das características básicas desses grupos são: “possuem identidade, têm opositor e articulam ou fundamentam-se em um projeto de vida e de sociedade” (Gohn, 2011, p. 336). Além disso, teriam capacidade de contribuir para organizar e conscientizar as pessoas, apresentando suas demandas por meio de práticas de pressão e/ou mobilização.
Existem diferentes estratégias adotadas pelos movimentos, variando de denúncias, mobilizações, marchas, concentrações, passeatas, distúrbios à ordem constituída, atos de desobediência civil, negociações, até as pressões indiretas. Os movimentos sociais atualmente têm, em geral, uma forte atuação nas redes sociais como meio de comunicar suas reivindicações e gerar mais envolvimento e comprometimento nas ações diretas, por exemplo.
Um dos exemplos mais reconhecidos de movimento social no Brasil, hoje em dia, é o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Segundo o site da organização, o MST é “um movimento social, de massas, autônomo, que procura articular e organizar os trabalhadores rurais e a sociedade para conquistar a Reforma Agrária e um Projeto Popular para o Brasil” (MST, [s. d.], [n. p.])..
Os movimentos sociais são mais comumente associados ao espectro político da esquerda, uma vez que alguns dos mais populares possuem viés progressista, como os movimentos negro, LGBTQIA+, feminista, ambientalista, entre outros. No entanto, há aqueles com ideais mais conservadores ou reacionários, como o Escola sem Partido..
As ações realizadas pelos movimentos buscam resistir à exclusão e lutar pela inclusão social, através de diagnósticos sobre a realidade social e da construção de propostas de mudanças. Sendo assim, a relação entre os movimentos sociais e o campo da educação é bem consolidada, visto que a educação é um dos meios mais frutíferos de promover transformações na sociedade.
O livro Movimentos sociais e educação: mútuas influências, de Marcel de Almeida Freitas e Inês de Oliveira Noronha, publicado pela Editora UEMG em 2023, analisa as relações entre os novos movimentos sociais e o campo educacional. Passando por movimentos progressistas, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o LGBTQIA+, e coletivos de caráter conservador e reacionário, como o Escola sem Partido e o neopentecostalismo, a obra contempla a educação informal e a escolar. A publicação explora a educação realizada intencional ou espontaneamente nos movimentos sociais, bem como as influências e tensões que eles lançam sobre a educação formal.
Então, se você quer aprofundar seus conhecimentos sobre a atuação dos movimentos sociais brasileiros na contemporaneidade, recomendamos essa leitura. Você pode acessá-la e fazer o download gratuito pelo catálogo da Editora UEMG ou pela página da editora no SciELO Livros, na qual, além do formato PDF, o livro está disponível também em formato ePub, com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual!
Referência
GOHN, Maria da Glória. Movimentos sociais na contemporaneidade. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 47, p. 333-361, mai./ago., 2011. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/v16n47/v16n47a05.pdf. Acesso em: 14 mar. 2024.
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST). Quem somos. [S. l.]: MST, [s. d.]. Disponível em: https://mst.org.br/quem-somos/. Acesso em: 14 mar. 2024.
* Tainá Verona é aluna de graduação de Letras – Tecnologias de Edição no CEFET-MG e já fez parte da equipe de revisão da Editora UEMG..