Por: Abraão Filipe Oliveira*
Quando se fala em matemática, logo vêm à cabeça contas complexas, equações difíceis e problemas irresolvíveis. Tanto é que a maioria das pessoas não gosta da disciplina de matemática ou tem péssimas lembranças do período em que cursou a matéria na escola.
Contudo, a matemática tem o seu papel fundamental no cotidiano, seja para organizar o tempo, planejar gastos, calcular o troco no mercado, interpretar dados, enfim, ela está presente em praticamente todas as áreas do nosso dia a dia, mesmo quando não a percebemos.
O curta-metragem Donald no País da Matemática (1959), por exemplo, apresenta a maneira como essa área do conhecimento está ligada a vários aspectos da vida cotidiana, como a música, os jogos, a arquitetura e as proporções da natureza, mostrando ao personagem Pato Donald – e a nós, espectadores – que a matemática não é só para intelectuais.
Assim, o professor e a professora de matemática vão ter um papel muito relevante para transmitir as bases conceituais dessa disciplina e seus principais elementos. Além disso, é imprescindível demonstrar como a matemática aplicada é responsável por soluções práticas que moldam e participam do mundo – como no universo “mágico” apresentado pela produção audiovisual da Disney.
Nesse caso, como construir uma formação docente que humanize a matemática e aproxime a disciplina do cotidiano dos(as) estudantes?
O lançamento mais recente da Editora UEMG traz algumas possibilidades. Na obra Tecituras do conhecimento no curso de Matemática: costurando experiências, reflexões e práticas na formação de professores, organizada por Glêsiane Coelho de Alaor Viana, Liliane Rezende Anastácio e Renata de Souza França, são compartilhados estudos de caso sobre projetos de extensão do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Estado de Minas Gerais (Unidade Ibirité) e relatos de pesquisas sobre essas experiências docentes.
Ao longo dos cinco capítulos, as(os) autoras(es) vão socializando iniciativas que deram certo naquele contexto educacional e, ao refletir sobre tais ações, entrelaçam os fios do ensino, da pesquisa e da extensão, mostrando como essa tecitura pode transformar a experiência do aprendizado em matemática em algo mais vivo e colorido.
Um dos exemplos, entre os tantos do livro, é o terceiro capítulo, em que a pesquisadora se propõe a analisar como o erro em questões de matemática pode ser usado como ferramenta pedagógica – uma abordagem que se mostra sensível não só às incongruências teórico-conceituais, mas também às causas sociais relacionadas, em pleno contexto da pandemia da covid-19.
Além disso, nas demais seções, encontramos relatos sobre a difusão da técnica de origamis entre a comunidade acadêmica, a realização de um campeonato de aerogamis em espaços não-formais de ensino, a adoção de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) na sala de aula e a utilização do Instagram para a integração e comunicação formativa entre a comunidade acadêmica, a sociedade local e a Universidade, por meio da divulgação de conteúdos matemáticos e de notícias de interesse.
Enfim, são uma miríade de bons exemplos e apropriações criativas.
Dessa forma, tendo em vista que os casos foram desenvolvidos e aplicados no ambiente das licenciaturas, eles demonstram que a formação docente não só pode como deve estar atenta à realidade prática dos(as) estudantes, buscando promover atividades que aproximem os conceitos da matemática do dia a dia de discentes. Como afirmam as organizadoras, em suma, o livro “é uma contribuição importante para a área da educação [...] e para a melhoria da qualidade do ensino de matemática no Brasil”.
Então, seja você um(a) professor(a) experiente ou em formação, essa obra é imprescindível!
E se você gosta de matemática – ou então tem um desejo de passar a gostar –, esse livro pode ser uma ótima oportunidade para aguçar sua curiosidade e, em linguagem clara e acessível, conhecer métodos inovadores para aprender e ensinar princípios matemáticos.
A obra está disponível no catálogo gratuito da Editora UEMG e pode ser acessada pelo link: bit.ly/tecituras-do-conhecimento.
*Abraão Filipe Oliveira é bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e mestrando em Comunicação e Sociabilidade Contemporânea, na linha de pesquisa Comunicação, territorialidades e vulnerabilidades, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente, é bolsista Fapemig, atuando como comunicólogo na equipe da EdUEMG.